sábado, 12 de setembro de 2009

Opinião Pública


A mídia nos deixa preparados para a grande dor quando fala a palavra da verdade. Contudo se ao conectar-se a mídia víssemos apenas políticos corruptos, desastres, assassinatos, etc. ninguém conseguiria viver. Isso porque a palavra pura corta e mata. Para anestesiar a grande dor a mídia vem e nos mostra seu lixo (Big Brother Brasil, Gugu, Pânico na TV, Carnaval, Faustão, etc.) para que consigamos sofrer a dor da palavra pura sem dor.

A palavra pura nos faz progredir. A razão nos liberta. Nos faz pensar por nós mesmos. Atualmente a mídia tem tido como finalidade nos dar o menos sofrimento possível. Ao nos apresentar mulheres semi nuas 24 horas por dia vivemos, portanto, uma espécie de eterna bem-aventurança, certamente bem modesta em comparação com as promessas das religiões.

A mídia dá ao homem a anulação da dor, propicia o prazer e desta forma anula o próprio ser, pois ao anular a dor acaba por desfazer as resistências que o corpo sente. A anulação da dor acaba por dissolver também o ser na vacuidade, não há mais nada para o corpo sentir e consequentemente não se sente mais. E desta forma que é aplicado à dor também aplica-se à morte. Temer a dor já é temer a morte, pois a dor é o fim do ser, de que o homem tanto foge.

A palavra pura tem perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e de investi-los na posição de senhores. Porém a terra totalmente esclarecida resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal. Quando os homens pensam que esclarecidos estão libertos da natureza, tanto exterior como interior, na verdade não o estão. Esta “cegueira” se dá pelo desejo de auto conservação, na qual estão presentes os elementos de autodestruição. A violência contra o outro é violência contra si, e o esclarecimento não é outra coisa além de mito, assim como o mito já continha elementos de esclarecimento.

O homem tem medo da chuva. Por isso quando a palavra pura vem com grandes debates em volta de temas como a eutanásia, aborto, ataques terroristas, agressões ao meio ambiente, manipulação genética entre outros o ser humano tende a fugir. Então vem a mídia e prega a cultura do corpo perfeito, isso porque, a preocupação narcisista é mais leve dentre os temas citados acima. Coloca-se então o indivíduo apenas com seu ego.

As mídias de comunicação usam todo o potencial do desenvolvimento tecnológico para nos confundir. Será que sabemos realmente o que é real e o que é irreal? O hiper-real nos fascina, isso porque, é o real intensificado na cor, na forma, no tamanho, nas suas propriedades. Sanduíches são apresentados de forma extraordinária, apelativa e irrecusável, com o intuito único de provocar no sujeito a curiosidade e a vontade de consumi-lo.

A mídia nos impõe o que é o mundo pela sua perspectiva totalizante. Tudo isso para se diferênciar do real e um esvaziamento do eu, dando aos sujeitos aquela sensação de “poder ser” o que ele quiser (fuga da dor). O que a sociedade não sabe é que o “ser” que ela irá “escolher” encontra-se pré-estabelecido pela razão totalizante através dos meios de comunicação, das marcas de cigarro, carro, roupa etc.

A razão totalizante ainda da ao homem a falsa noção de poder e controle sobre as coisas do mundo, desmistificando o caráter subjetivo, metafísico e irredutível do ser e do real, tornando-os inteligíveis. O homem jamais conseguiu suprimir sua tendência natural para o prazer. Aproveitando-se disso, nas circunstâncias de dor e sofrimento, a mídia aparece e transforma a dor em prazer.

Com o domínio da mídia encontramo-nos entre dois campos mais ou menos distintos: o da logicidade midiática, de onde emana a força que garante a estabilidade, e o da dispersão emocional, intrínseco ao comportamento humano, de onde se origina a instabilidade. Onde pretendemos ficar?

Ao deixar de sermos inconformados com que nos é apresentado pela mídia, ao questionarmos, raciocinarmos ao invés de simplesmente aceitar o que nos é proposto deixamos de ter o medo da chuva. Ao agir, ao perceber que temos condições suficientes para mudar a situação da atuação da mídia na sociedade, aí sim, perderemos o medo da tempestade. Mas cadê coragem para mudar?

Eu não posso entender tanta gente aceitando a mentira!

De que os sonhos, desfazem aquilo que o padre falou.

Porque quando eu jurei meu amor eu traí a mim mesmo,

Hoje eu sei, que ninguém nesse mundo,

É feliz tendo amado uma vez!

Uma vez!

A ETERNA IMPUNIDADE BRASILEIRA


Futebol e carnaval não são as únicas marcas registradas do Brasil. O país de festas também é o país da violência. Violência social e no trânsito são marcas de um Brasil em guerra. Guerra velada, onde, a cada seis minutos morre um inocente. Podemos divagar sobre a causa de toda essa violência. Imputá-las as desigualdades sociais, falta de investimento em educação, entre outras. Contudo a causa real do problema pode ser resumido em uma única palavra : IMPUNIDADE.

A vida em sociedade exige uma série de compromissos, obrigações e deveres dos cidadãos. As leis, na teoria, servem para que vontades pessoais não se sobreponham as exigências da vida em sociedade. Porém transgressões crescem e florescem sob a luz da impunidade.

O baixo risco de punição a que esta sujeito um transgressor brasileiro motiva e premia o infrator. Dados mostram que a média de casos de homícidios solucionados no Brasil é de 2%. A cada 15 minutos morre uma pessoa no trânsito brasileiro, número ridículo e vergonhoso. Morre-se mais aqui do que na Faixa de Gaza.

Somando-se a isso está nosso poder legislativo federal o qual é o maior símbolo de impunidade do Brasil. Muitos de seus membros tem pendencias judiciais, além de não demonstrarem e não quererem adequar ou atualizar as leis de acordo com as necessidades. Isso porque, muitos deles, temem que a lei os alcance.

Tristemente, a lei, a qual deveria nos proteger, a cada dia que passa, só serve para colocar na cadeia os três “P ’s”.

sábado, 6 de junho de 2009

Após resgate de corpos, Marinha amplia frota de navios em busca de avião

Três embarcações se incorporam para reforçar a operação.
Neste sábado, dois corpos de homens foram achados no mar.

Após dois corpos terem sido encontrados neste sábado (6), três embarcações da Marinha vão se incorporar à operação de busca
de novos vestígios do acidente com o Airbus da Air France, que desapareceu na noite do último dia 31 quando fazia o trajeto Rio-Paris.

Cobertura completa: voo 447


Até este domingo, procedentes do Rio de Janeiro, chegarão a fragata Bosísio e o navio-tanque Gastão Motta.

O navio-patrulha Grajaú, que fazia buscas ao sul de Fernando de Noronha, se desloca agora para o noroeste do arquipélago, onde foram achados os corpos e objetos (uma pasta, uma mochila e uma poltrona).

As três embarcações se juntam à fragata Constituição, que faz o transporte dos corpos e dos destroços, e à corveta Caboclo, que os recolheu do mar neste sábado.

A presença do navio-tanque Gastão Motta ampliará a autonomia das demais embarcações, que antes tinham de voltar a Fernando de Noronha para reabastecer. O navio-tanque fará o abastecimento em alto-mar, na região das buscas, a cerca de 900 km do arquipélago.

Também há previsão, embora não confirmada pela Aeronáutica, da chegada na segunda-feira (8) de dois aviões franceses. Eles se juntariam a 12 aeronaves brasileiras e outras duas francesas já envolvidas na operação.

Segundo informou a agência Efe, a Força Aérea espanhola também enviará um avião, um Fokker, do Serviço de Resgate do esquadrão com base em Gando (Gran Canária). O avião espanhol partirá ainda nesta noite de sua base para Dacar (Senegal), a fim de se colocar à disposição dos responsáveis nas tarefas de busca do avião desaparecido.

Os aviões se alternarão em missões de reconhecimento visual em círculos circuncêntricos, a partir da posição onde foram encontrados os corpos e os primeiros destroços (coordenadas 03 34.08º N, 030 27.30º W).

'Airbus emitiu 24 mensagens de erros em 4 minutos'


Representantes do Centro de Investigações e Análises de Acidentes Aéreos da França (BEA, na sigla em francês) afirmaram neste sábado que o Airbus da companhia aérea Air France que fazia o voo 447 emitiu 24 mensagens automáticas de erros nos sistemas em quatro minutos, antes de desaparecer dos radares com 228 pessoas a bordo.

Destas, 14 foram transmitidas logo no primeiro minuto, entre 23h10 e 23h11, de Brasília. A maioria dos sinais acusou pane nos sistemas de velocidade e um deles revelou inoperância do piloto automático, que poderia ter sido desligado pelos pilotos ou automaticamente, também por causa da pane no sistema velocidade.

"Pode ter sido uma parada voluntária ou uma pane real. O sistema não detecta se depois isso voltou ao normal", disse Paul-Louis Arslanian, diretor do BEA, em uma entrevista coletiva nos arredores de Paris.

Os especialistas franceses chegaram à conclusão de que tampouco se pode dizer que as condições meteorológicas eram "excepcionais" na região, embora ressaltem que essa análise não leva em conta a composição interna das nuvens, já que só podem ser feitas a partir de imagens de satélites.

As autoridades da França também fizeram questão de destacar que ainda não têm informações suficientes para determinar com precisão o que aconteceu com o Airbus, que viajava do Rio de Janeiro a Paris, já que isso só deve ser possível após a análise das caixas-pretas.

"É preciso ser realista, essa investigação será longa", afirmou Arslanian.

Falha no sensor

Ele confirmou "incoerências" no sistema de cálculo de velocidade do voo 447, mas afirmou que já ocorreram no passado problemas em um sensor externo que permite o cálculo de velocidade nessas aeronaves, tanto que a Airbus teria um programa de reposição dessas peças.

"Houve um certo número de defeitos como estes nos A330 e há um programa de trocas, de desenvolvimento", disse Arslanian.

Os investigadores afirmam que apesar de o problema no sensor ser recorrente, o "modelo A330 é seguro".

O diretor do BEA acrescentou que o número de investigadores franceses envolvidos no inquérito dobrou na última semana e já envolve cem especialistas. Na semana que vem, a equipe deve ser reforçada por um grupo de especialistas que chegará do Brasil.

Já as equipes de busca correm contra o tempo para localizar as caixas pretas no oceano. De acordo com Arslanian, assim que uma zona de busca mais restrita puder ser definida, navios vão vasculhá-la com microfones de profundidade.

No entanto, o especialista fez questão de ressaltar a dificuldade de encontrar os equipamentos, que têm o tamanho de uma pilha grande.

Na sexta-feira, o ministro da Defesa da França, Herve Morin, afirmou que um submarino também foi enviado à região das buscas para ajudar a localizar as caixas pretas com um sofisticado sistema de sonar.

Clarão

Os investigadores estão entrando em contato com todos os pilotos de voos que cruzaram a região no dia do acidente.

Eles teriam conversado inclusive com o piloto do avião da companhia aérea espanhola Air Comet, que afirmou ter visto um clarão, e descartaram a hipótese de que ele estivesse associado ao Airbus, já que ele estava "várias centenas de quilômetros de distância do Airbus".

Os especialistas também desmentiram as versões de que a altitude em que o avião voava, de 35 mil pés em vez dos 37 mil previstos, indique algum problema.

De acordo com os investigadores, a relação entre o peso que o A330 transportava e o combustível consumido até o momento em que desapareceu indicam que ele estaria em uma altitude de cruzeiro "perfeitamente normal".

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Brasil ganha Reserva Extrativista do Cassurubá


Governo federal oficializa, no Dia Mundial do Meio Ambiente, nova Unidade de Conservação que beneficia cerca de 1.000 famílias de pescadores e marisqueiros nos manguezais de Abrolhos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou para Caravelas (BA) hoje (05/06) pela manhã, para a criação da Reserva Extrativista (Resex) do Cassurubá, nos manguezais da região de Abrolhos. O presidente deve pousou na região com sua comitiva e seguiu para cidade de Caravelas, localizada no sul da Bahia, onde assinarou o decreto de criação da Resex. O ato público aconteceu na comunidade pesqueira de Ponta de Areia às 11 horas e foi parte das comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia, que é celebrado dia 05 de junho.

A nova unidade de conservação (UC) abrange uma área de 100.687 hectares de estuários, restingas, mangues e ambientes marinhos entre as cidades de Caravelas e Nova Viçosa (BA), beneficiando cerca de 1.000 famílias de pescadores e marisqueiros que dependem dos recursos naturais da região. Além disso, a reserva contribuirá para a proteção dos principais ambientes costeiros do Banco dos Abrolhos, onde estão 95% dos manguezais da região, considerados berçários de várias espécies de importância ecológica e econômica.

Demanda comunitária - A idéia da Resex surgiu a partir de solicitações de marisqueiros, extrativistas e pescadores preocupados com a ação de catadores de caranguejo vindos de outras regiões, com a especulação imobiliária, dentre outras ameaças aos ecossistemas que garantem o sustento das famílias locais. Um dos principais desafios da comunidade foi lutar contra a proposta de implantação na região do maior projeto de carcinicultura do país, da Cooperativa de Criadores de Camarão do Extremo Sul da Bahia – Coopex, empreendimento considerado incompatível com a conservação da área e que gerou muitos conflitos na região. Outros possíveis conflitos com os setores de óleo e gás e de celulose foram minimizados, através de ajustes nos limites da reserva.

“A decisão do governo de criar a Resex de Cassurubá merece ser parabenizada, pois consagra uma luta das comunidades locais, ONGs e representantes do governo, em um processo de grande participação popular, em que todas as consultas públicas foram cumpridas”, observa Renato Cunha, coordenador do Grupo Ambientalista da Bahia – GAMBÁ.

Atraso de mais de um ano - O decreto da Reserva do Cassurubá será publicado com um ano e meio de atraso, após três anúncios oficiais. O primeiro anúncio da criação da Resex foi feito em dezembro de 2007, junto com outras quatro UCs. Das UCs anunciadas, apenas Cassurubá não teve o seu decreto publicado em 21 de dezembro daquele ano.

Em maio de 2008 ocorreu o segundo anúncio: durante passagem pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) na Alemanha, o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, mencionou a Reserva como uma das que seriam criadas no Dia Mundial do Meio Ambiente. No dia 05 de junho, o Presidente Lula assinou os decretos de criação de três unidades de conservação na Amazônia, e mais uma vez ficou faltando a Resex de Cassurubá.

Em novembro, durante a abertura da Semana da Mata Atlântica, realizada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Minc afirmou que a Reserva Extrativista seria criada até o início de dezembro. Este terceiro anúncio foi noticiado pelo ICMBio, na página do Ministério e também pelos veículos de imprensa que acompanharam o evento.

A demora e a sucessão de anúncios não-concretizados causaram estranheza, frustração e indignação em ambientalistas e nas comunidades locais, que há mais de três anos pleiteiam a criação da Reserva. “Mas agora que a Resex passa a existir na prática, temos é que comemorar” – afirma Seu José (Zequinha) Ferreira, que integra o movimento de pescadores em Caravelas. “A criação da Resex vai por uma ordem no nosso lugar de pesca, pois não tem muito peixe com tanta gente vindo de outro lugar colocar as redes de pesca. A Resex vai garantir a nossa tradição, o acesso na nossa forma de ganhar dinheiro e pensar no futuro de nossos filhos”, defende Seu Zequinha.

De acordo com a Lei 9.985/00, as Reservas Extrativistas (Resex) são unidades de conservação de uso sustentável, categoria que tem como objetivo harmonizar a exploração dos recursos naturais renováveis e o bem-estar sócio-cultural das comunidades locais com a conservação da biodiversidade. Ronaldo Oliveira, analista ambiental do ICMBio, alerta que a criação formal da Resex é apenas um passo para alcançar esses objetivos: “A necessidade de organização comunitária agora se amplia, pois cabe à população tradicional participar ativamente da gestão da unidade. Somente com união e pressão sobre o estado brasileiro serão conquistados direitos que garantirão a sustentabilidade socioambiental da região”.

Interesse econômico e social - Guilherme Dutra, biólogo e diretor do Programa Marinho da Conservação Internacional (CI-Brasil), explica que somada à importância para a conservação da biodiversidade do Banco dos Abrolhos, o estuário do Cassurubá apresenta grande interesse econômico e social: “Abrolhos é a região mais piscosa da Bahia e grande parte das espécies de interesse para a pesca completa uma porção de seu ciclo de vida no estuário do Cassurubá”, afirma.

Segundo o professor Mário Soares, do Núcleo de Estudos em Manguezais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, as restingas da região são um importante manancial de água doce para o manguezal e para o estuário. “Diferentemente de outros estuários onde a água doce é proveniente de grandes rios, no Cassurubá esta fonte é o lençol freático, fundamental para o ecossistema e a vida das comunidades ribeirinhas".

Espécies - Na área da Resex dá-se a extração do caranguejo-uçá (Ucides cordatus), do guaiamum (Cardisoma guaiumi), do siri (Callinectes spp.), do aratu (Goniopsis cruentata) e vários moluscos. Três espécies de tartarugas-marinhas - Chelonia mydas (tartaruga-verde), Eretmochelys imbricata (tartaruga-de-pente), e Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda) - também são frequentemente encontradas na área da Resex Cassurubá (predominantemente na zona marítima, mas eventualmente também encontradas dentro do estuário). A UC ajudará a proteger também várias espécies de crustáceos e peixes marinhos ameaçadas de extinção, tais como o camarão-rosa (Farfantepenaeus brasiliensis; F. paulensis; F. subtilis), o camarão-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri), o mero (Epinephelus itajara), e a cioba (Lutjanus analis).